Aisen PS, Jin S et al. High-dose vitamin supplementation and cognitive decline in Alzheimer Disease. A randomized controlled trial. Journal of American Medical Association. October 15, 2008; 300(15):1774-1783.
A homocisteína é um aminoácido (produzido após a digestão de carnes ou laticínios), que em
excesso no sangue, provoca aumento do risco de coágulos e entupimento das artérias, além de contribuir para a formação de depósitos de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, aumentando sua rigidez e dando origem à chamada aterosclerose.
Estudos prévios têm mostrado que os níveis de homocisteína podem estar elevados na doença de Alzheimer e que essa elevação poderia contribuir para os mecanismos vasculares e neurotóxicos responsáveis pela degeneração cerebral. Sabe-se também que mesmo na ausência de deficiência de vitaminas, os níveis de homocisteína podem ser reduzidos pela administração de altas doses de ácido fólico e vitaminas B6 e B12.
O presente estudo pretendeu determinar a eficácia e segurança da suplementação de ácido fólico e vitamina B no tratamento da doença de Alzheimer. Trata-se de um ensaio clinico de alta qualidade, envolvendo 340 participantes e acompanhados por 18 meses.
Os resultados mostraram que embora a suplementação tenha reduzido os níveis sanguíneos de homocisteína, não ocorreu qualquer efeito sobre a lentificação do declínio cognitivo característico da doença de Alzheimer. Adicionalmente, observou-se uma maior quantidade de eventos adversos envolvendo depressão nos pacientes tratados com os suplementos vitamínicos.
Portanto, mais um estudo mostrando que a suplementação de vitaminas não altera a evolução da maioria das doenças e inclusive pode provocar o aparecimento de efeitos adversos importantes conforme vem sendo documentado em outros estudos. Antes de pensar em alguma suplementação com vitaminas, aminoácidos e outros compostos bioenergéticos, especialmente os indicados pela falaciosa medicina ortomolecular, converse com seu médico.
Primum non nocere
Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia: "Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
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