Primum non nocere

Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:
"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Suplementação com vitamina B e ácido fólico não reduz o declínio cognitivo na Doença de Alzheimer

Aisen PS, Jin S et al. High-dose vitamin supplementation and cognitive decline in Alzheimer Disease. A randomized controlled trial. Journal of American Medical Association. October 15, 2008; 300(15):1774-1783.

A homocisteína é um aminoácido (produzido após a digestão de carnes ou laticínios), que em
excesso no sangue, provoca aumento do risco de coágulos e entupimento das artérias, além de contribuir para a formação de depósitos de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, aumentando sua rigidez e dando origem à chamada aterosclerose.

Estudos prévios têm mostrado que os níveis de homocisteína podem estar elevados na doença de Alzheimer e que essa elevação poderia contribuir para os mecanismos vasculares e neurotóxicos responsáveis pela degeneração cerebral. Sabe-se também que mesmo na ausência de deficiência de vitaminas, os níveis de homocisteína podem ser reduzidos pela administração de altas doses de ácido fólico e vitaminas B6 e B12.
O presente estudo pretendeu determinar a eficácia e segurança da suplementação de ácido fólico e vitamina B no tratamento da doença de Alzheimer. Trata-se de um ensaio clinico de alta qualidade, envolvendo 340 participantes e acompanhados por 18 meses.
Os resultados mostraram que embora a suplementação tenha reduzido os níveis sanguíneos de homocisteína, não ocorreu qualquer efeito sobre a lentificação do declínio cognitivo característico da doença de Alzheimer. Adicionalmente, observou-se uma maior quantidade de eventos adversos envolvendo depressão nos pacientes tratados com os suplementos vitamínicos.
Portanto, mais um estudo mostrando que a suplementação de vitaminas não altera a evolução da maioria das doenças e inclusive pode provocar o aparecimento de efeitos adversos importantes conforme vem sendo documentado em outros estudos. Antes de pensar em alguma suplementação com vitaminas, aminoácidos e outros compostos bioenergéticos, especialmente os indicados pela falaciosa medicina ortomolecular, converse com seu médico.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Melhora global da função vascular e estado redox com baixa dose de ácido fólico.

Shirodaria C, Antoniades C, Channon KM et al. Global Improvement of Vascular Function and Redox State With Low-Dose Folic Acid. Implications for Folate Therapy in Patients With Coronary Artery Disease. Circulation. May 1, 2007;115(17):2262-2270.

Conhecimento prévio ao estudo: Embora a fortificação dietética com folato reduza a homocisteína plasmática e pode reduzir o risco cardiovascular, o tratamento com altas doses de ácido fólico não parece alterar a evolução clínica. O ácido fólico e seu principal metabólito circulante, 5-metiltetrahidrofolato, melhora a função vascular, mas os mecanismos relacionando a dose de folato e a função vascular permanecem pouco claros.

Estudo: Estudo prospectivo, longitudinal, randomizado, controlado, com 56 pacientes sem fortificação de folato que receberam baixa dose (40microg/dia) ou alta dose (5mg/dia) de ácido fólico ou placebo por 7 semanas antes de submeterem-se a bypass arterial coronariano. Foram realizados estudos de ressonância magnética antes e depois do tratamento em secções de veia safena e mamária interna.

Conhecimento adquirido com o estudo: Baixa dose de ácido fólico aumenta a resposta vasomotora dependente do endotélio mediada pelo óxido nítrico, reduz a produção de superóxido vascular e melhora o acoplamento enzimático da sintetase do óxido nítrico através da disponibilidade do cofator tetrahidrobiopterina. Nenhuma melhora adicional nesses parâmetros ocorreu com uma dose mais alta do ácido fólico comparado com o tratamento com dose baixa.

Comentário: Estudo clínico prospectivo, longitudinal, randomizado, controlado com grupos paralelos sob intervenção e contra placebo. Metodologia adequada. Excelente aplicabilidade clínica.

O tratamento com baixa dose de ácido fólico, comparável com a ingesta diária e a fortificação da dieta, melhora a função vascular através de efeitos sobre a sintetase do óxido nítrico e sobre o stress oxidativo vascular. Alta dose de ácido fólico não confere benefício adicional.

Os autores principais são membros do Department of Cardiovascular Medicine, John Radcliffe Hospital, University of Oxford, Oxford, United Kingdom. Autor responsável: Prof Keith M. Channon – keith.channon@cardiov.ox.ac.uk.