Primum non nocere

Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:
"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.

sábado, 23 de agosto de 2008

Apolipoproteínas podem ser marcadores mais importantes do que colesterol LDL e HDL.

McQueen MJ et al. Lipids, lipoproteins and apolipoproteins as risk markers of myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART study): a case-control study.


As apolipoproteínas B (Apo B) e A1 (Apo A1) são as maiores constituintes do colesterol LDL e HDL, respectivamente. Embora a maioria dos guidelines recomenda avaliação do risco cardiovascular baseado nos níveis de colesterol LDL e HDL, vários estudos tem mostrado que Apo B é um melhor preditolr de doença cardiovascular do que o colesterol LDL.

Resultados desse estudo, o INTERHEART, mostrou que o mais importante preditor de doença cardiovascular foi a relação ApoB/Apo A1 com uma taxa de risco de 54%, comparados com risco de 37% para LDL/HDL e 32% para colesterol total/HDL.
Portanto, deveríamos incluir na avaliação/estratificação de risco cardiovascular o índice ApoB / Apo A, enquanto aguardamos resultados de estudos mostrando que o controle desse parâmetros reduz a mortalidade/morbidade cardiovascular.

Medicamentos indicados para fatiga relacionada a câncer

Minton O. et al. A systematic review and meta-analysis of the pharmacological treatment of cancer-related fatigue. J Natl Cancer Inst. August 20, 2008; 100(16):1155-1166.


Revisão sistemática de 27 ensaios randomizados de tratamentos medicamentosos para fatiga relacionada a câncer, envolvendo 6.746 pacientes, mostrou que apenas o metilfenidato, a eritropoetina e a darbepoetina apresentam algum efeito quando comparados com placebo, sendo que esses dois últimos especialmente em pacientes com anemia associada. A paroxetina e os esteróides progestacionais não mostraram benefícios.
Portanto, segue a busca por tratamentos que possam melhorar essa importante condição clínica de pacientes com câncer.


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Tibolona diminui fraturas e câncer de mama, mas dobra o risco de Acidente Vascular Cerebral


Cummings SR et al. The Effects of Tibolone in older Postmenopausak Women. NEJM. August 14, 2008; 359(7):697-708.

A Tibolona (Livial(R)) atualmente está aprovada em 90 países para tratar sintomas da menopausa e em 45 países para tratar osteoporose, entretanto, ainda não está aprovada nos EUA. Trata-se de um regulador sintético seletivo da atividade estrogênica tecidual (STEAR) e é sabido que previne perda óssea, entretanto, seus efeitos sobre fraturas, câncer e doença cardiovascular ainda não são conhecidos.
O ensaio clínico Long-Term Intervention on Fractures with Tibolone (LIFT) foi conduzido com 4.538 mulheres, entre 60 e 85 anos de idade, as quais foram randomizadas para receber 1,25mg de tibolona diariamente ou placebo.
Esse estudo teve que ser suspenso prematuramente em função de um claro aumento no risco de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).
Durante um seguimento médio de 34 meses de tratamento, as mulheres em uso de tibolona tiveram uma redução significativa no risco de fratura vertebral e não vertebral, assim como câncer de cólon e mama. Porém, elas também tiveram um aumento no risco absoluto para AVC de 2,3 por 1.000 pessoa-ano e mais do que o dobro na chance relativa de AVC. Também houve uma tendência para uma maior incidência de câncer de endométrio em mulheres com útero.
Outros efeitos, comuns na combinação hormonal de estrógenos e progesterona como ganho de peso, metrorragia e infecção e desconforto mamário foram similares com a droga.
Atenção, portanto, em mulheres com fatores de risco para AVC ou mesmo para aquelas mais idosas, as quais não deveriam usar tibolona.


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

História clinica de pré-eclâmpsia aumenta o risco de doença renal crônica mais tarde na vida

Vikse BE et al. Preeclampsia and the Risk of End-Stage Renal Disease. NEJM. August 21, 2008; 559(8):800-809.


Estudando retrospectivamente a evolução de cerca de 570.000 mulheres que deram à luz a bebês únicos com 16 semanas ou mais na Noruega, observou-se o desenvolvimento subseqüente em perto de 480 mulheres de Doença Renal Crônica Terminal, com um tempo médio para o diagnóstico de 17 anos.

Mulheres que tiveram pré-eclâmpsia durante sua primeira gestação eram quase 5x mais prováveis de desenvolver Doença Renal Crônica Terminal do que aquelas sem pré-eclâmpsia.

Atenção para a história de pré-eclâmpsia prévia e observação mais atenta nas mulheres que apresentaram essa complicação na gravidez deve ser enfatizada.