Primum non nocere

Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:
"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.
Mostrando postagens com marcador Obesidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Obesidade. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Ensaio clínico comparando tratamento com sertralina e fluoxetina para pacientes obesos com Desordem de Compulsão Alimentar

Estudos prévios suportam o uso dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) em pacientes com sobrepeso ou obesos com Desordem de Compulsão Alimentar (DCA), entretanto os resultados não têm sido conclusivos. A sertralina tem sido estudada menos extensivamente e há poucos estudos com os ISRS que relatam dados maiores do que 12 semanas de follow-up. O presente estudo avaliou a efetividade da sertralina e da fluoxetina sobre um período de 24 semanas em pacientes obesos com DCA (DSM-IV-TR).

Quarenta e dois pacientes ambulatoriais obesos foram randomizados e conduzidos para um dos dois diferentes tratamentos: 22 foram tratados com sertralina (dose média: 100-200 mg/dia) e 20 com fluoxetina (dose média: 40-80 mg/dia). Os indivíduos foram avaliados no início do estudo e em 8, 12 e 24 semanas de tratamento para freqüência de voracidade, perda de peso e severidade da psicopatologia.

Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois tratamentos. Após 8 semanas de tratamento uma melhora significativa na escala de compulsão alimentar foi observada, acompanhando uma também significativa redução de peso. Esses resultados foram mantidos pelos respondedores (perda de peso de pelo menos 5% do peso basal) ao longo de 24 semanas. Esses resultados sugerem que um tratamento por 6 meses com ISRS pode ser uma efetiva opção para tratar pacientes com Desordem de Compulsão Alimentar.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Rejeição de novo medicamento para tratamento da obesidade e síndrome metabólica – FDA – 14 de Junho de 2007.

O conselho consultivo do FDA rejeitou hoje o rimonabando (Acomplia®), em votação unânime, para sua comercialização nos EUA. Essa medicação, disponível em 37 Países (dentre os quais o Brasil, aprovou o Acomplia® em 30/04/2007), foi rejeitada em função das preocupações acerca de efeitos adversos neurológicos e psiquiátricos, incluindo aumento do risco de suicídio.

O rimonabando é um bloqueador dos receptores canabinóides e em estudos clínicos mostrou efeitos favoráveis não somente na perda de peso, mas também sobre a glicemia em jejum, colesterol HDL e triglicérides.

Os receptores do sistema endocanabinóide localizados no cérebro são os mesmo que acoplam a maconha, provocando o desejo de comer e beber muito; ao bloquear esses receptores o medicamento bloqueia um dos sistemas provocadores da fome, fazendo com que os pacientes percam em torno de 5% do seu peso. Entretanto, esses mesmos receptores modulam parte dos distúrbios relacionados com depressão, fobias, ansiedade e stress pós-traumático. Estudos clínicos conduzidos em países onde o medicamento foi comercializado, incluindo alguns Europeus, mostraram que dobrou o risco de problemas relacionados com ansiedade, depressão, agressão e psicose, além de suicídios eventuais.

A ANVISA aprovou o medicamento para o Brasil conhecendo esses dados e sabendo da sua pouca eficácia (5% do peso corporal) e sem aguardar a manifestação do conselho do FDA (que ocorreu 45 dias depois da sua aprovação), PORQUE?

Quais dados, pesquisas e estudos clínicos basearam-se os especialistas da ANVISA para liberar a comercialização desse medicamento no Brasil, 45 dias antes da rejeição pelo FDA? Qual será a posição da ANVISA a partir de agora? Temos verdadeiramente um sistema de farmacovigilância e de controle sobre os medicamentos em nosso país ou eles também fazem parte dos propinodutos? Essa é apenas uma pergunta... comentem!

domingo, 6 de maio de 2007

Rimonabanto (Acomplia®) – Anvisa – Maio de 2007

A ANVISA aprovou o registro de Acomplia® (Rimonabanto) para o tratamento de pacientes obesos ou com sobrepeso e com fatores de risco cardiometabólicos associados como diabetes tipo II e/ou dislipidemia.

O rimonabanto age bloqueando de maneira seletiva os receptores CB1 presentes no cérebro e nos órgãos periféricos que interferem no metabolismo da glicose e lipídios, incluindo o tecido adiposo, o fígado, as vias digestivas e os músculos. Ao bloquear os receptores CB1, ele atua diminuindo a hiperativação do sistema endocanabinóide (sistema EC). O sistema EC é um sistema fisiológico descoberto recentemente, constituído por receptores tais como os receptores CB1, que se acredita desempenhar um papel importante na regulação do peso corporal e no equilíbrio energético, bem como no metabolismo da glicose e dos lipídios.

Empregado na dose diária única de 20mg permite reduzir de maneira significativa o peso, a circunferência abdominal, os índices de HbA1c (hemoglobina glicada) e de triglicérides, bem como elevar as taxas de colesterol HDL. O principal efeito colateral é a náusea, seguida por diarréia, tonturas e vômitos, assim como agravamento de quadros depressivos.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Densidade energética da dieta é associada com obesidade e síndrome metabólica em adultos dos EUA

Mendonza JA, Drewnowski A and Christakis DA. Dietary Energy Density Is Associated With Obesity and the Metabolic Syndrome in U.S. Adults. Diabetes Care. April, 2007;30(4):974-979.

Conhecimento prévio ao estudo: As taxas crescentes de obesidade têm sido ligadas ao consumo de dietas com alta densidade energética, assim como outros distúrbios metabólicos incluindo resistência à insulina e síndrome metabólica.

Estudo: Examinou a associação entre densidade energética da dieta com obesidade e desordens relacionadas incluindo resistência à insulina e síndrome metabólica. Estudo prospectivo transversal nacional com dados de adultos colhidos entre 1999 e 2002 (n= 9.688).

Os resultados mostraram que a densidade energética da dieta foi independentemente e significativamente associada com altos índices de massa corpórea em mulheres e uma tendência (P= 0,054) a uma associação significativa em homens. A densidade energética também foi associada com alta circunferência da cintura, tanto em homens quanto em mulheres. Adicionalmente, a densidade energética foi independentemente associada com insulina de jejum elevada e síndrome metabólica.

Conhecimento adquirido com o estudo: A densidade energética da dieta é um preditor independente de obesidade, de níveis elevados de insulina em jejum e da síndrome metabólica em adultos Americanos. Estudos intervencionais para reduzir a densidade energética da dieta estão justificados.

Força de evidência: (A)* - Estudo clínico prospectivo, transversal, multicêntrico, observacional, de uma grande coorte de indivíduos adultos (acima de 20 anos de idade) de metodologia adequada e tratamento estatístico de boa qualidade. Excelente aplicabilidade clínica.

Os autores são membros do Children's Nutrition Research Center and Academic General Pediatrics, Department of Pediatrics, Baylor College of Medicine, Houston, Texas, do Center for Public Health Nutrition, Exploratory Center for Obesity Research, Departments of Medicine and Epidemiology, University of Washington e do Child Health Institute and Department of Pediatrics, University of Washington and Children's Hospital and Regional Medical Center, Seattle, Washington, USA. Autor responsável: Jason A. Mendoza – jason.mendoza@bcm.edu.