Primum non nocere

Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:
"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

MMWR - Relatório de Morbidade e Mortalidade Semanal do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC – Atlanta, USA) – 20/04/2007

Uso de niacina como tentativa de falsear teste de urina para drogas – MMWR – CDC

Adicionalmente ao seu uso como suplemento nutricional, a niacina (ácido nicotínico ou vitamina B3) é prescrita para tratar hiperlipidemia e hipercolesterolemia. O uso da niacina em baixas doses usualmente leva a poucos efeitos colaterais adversos, entretanto, em grandes doses, a niacina pode provocar vermelhidão da pele, prurido e eventualmente efeitos mais sérios (toxicidade hepática, acidose metabólica, variações na glicemia, neutropenia e efeitos eletrocardiográficos).

O CDC recebeu relatos de vários efeitos colaterais adversos do uso não médico da niacina. A revisão dos relatos indicou vários usos da niacina, incluindo tentativas de falsear ou mascarar os resultados de testes de drogas na urina, especialmente a detecção do tetrahidrocanabinol (THC), o principal ingrediente psicoativo da marijuana (maconha), embora não exista evidência científica de que a ingestão da niacina possa alterar o resultado do teste da droga.

Os clínicos, especialmente aqueles cujos pacientes incluem jovens e adultos jovens, deveriam estar alertas para o potencial uso da niacina na tentativa de falsear testes de drogas na urina. Essa informação sobre o efeito da niacina sobre os testes de drogas na urina está amplamente disponível na Internet e pode ser facilmente utilizada.

Alerta da ANVISA – 16/04/2007

Atualização da Lista de Medicamentos Falsificados – ANVISA


A ANVISA atualizou a lista de medicamntos falsificados de 2007, são eles:

- Cialis® 20mg, lote n° A178173, cuja data de validade seja 08/2008.

- Viagra® 50mg, lotes 504832218 e 60483004, este último com data de validade de 01/2010.

- Cialis® 20mg, lotes A152068 e A5 10410.

- Cialis® 20mg, lote A 185755 com validade de 05/2008.

- Levitra® 10mg, lote BXBEJK3, com datas de fabricação de 01/2005 e 12/2007.

Esses medicamentos falsificados devem ser apreendidos e inutilizados sob supervisão da ANVISA.

Estudo prospectivo dos ácidos graxos trans em eritrócitos e risco de doença cardíaca coronariana

Sun Q, Ma J, Campos H, Hu FB et al. A Prospective Study of Trans Fatty Acids in Erythrocytes and Risk of Coronary Heart Disease. Circulation. April 10, 2007;115(14):1858-1865.

Conhecimento prévio ao estudo: Alto consumo de gordura trans tem sido associado com o risco de doença cardíaca coronariana (DCC) e além dos aspectos históricos da dieta, tem se procurado marcadores biológicos indicadores da presença desse risco.

Estudo: Estudo prospectivo, longitudinal, multicêntrico, de um intervalo de seguimento de 6 anos do estudo de coorte Nurses Health’ Study, o qual segue em andamento, com 32.826 participantes. Amostras sanguíneas foram obtidas de todas as participantes entre 1989 e 1990 e procedeu-se a análise do conteúdo de ácidos graxos trans nos eritrócitos. No período estudado, ocorreram 166 casos incidentes de DCC, os quais foram comparados com 327 indivíduos controles devidamente pareados.

Conhecimento adquirido com o estudo: O conteúdo total de ácidos graxos trans nos eritrócitos foi significativamente correlacionado com a ingesta de gordura trans e foi associado com elevado colesterol de baixa densidade (LDL), reduzidas concentrações de colesterol de alta densidade (HDL) e aumentada razão da lipoproteína LDL para lipoproteína HDL. Ajustando os dados para variáveis como idade, condição de fumante e outros aspectos dietéticos, um maior conteúdo de ácidos graxos trans nos eritrócitos foi associado com um elevado risco de DCC.

Os dados desse marcador biológico fornecem evidência adicional de que o alto consumo de gordura trans é um fator de risco significativo para doença cardíaca coronariana.

Força de evidência: (A)* - Estudo clínico aninhado no grande estudo de coorte das enfermeiras Americanas, com uma amostra populacional expressiva e com um período de seguimento aceitável. Metodologia e tratamento estatístico adequados. A utilização do conteúdo de ácidos graxos trans nos eritrócitos como marcador da exposição a esses ácidos graxos no plasma é análogo à hemoglobina glicosilada em relação às glicemias históricas.

Excelente aplicabilidade clínica, entretanto, esse marcador e utilizado apenas na pesquisa clínica.

Os autores principais são membros dos Departments of Nutrition and Epidemiology, Harvard School of Public Health e do Channing Laboratory, Department of Medicine, Brigham and Women’s Hospital and Harvard Medical School, Boston, Mass. Autor responsável: Frank B. Hu, MD, PhD - frank.hu@channing.harvard.edu.

A segurança e eficácia od Infliximab na doença pulmonar obstrutiva crônica de moderada a severa.

Rennard S, Fogarty C, Murray J et al from COPD Investigators. The Safety and Efficacy of Infliximab in Moderate to Severe Chronic Obstructive Pulmonary Disease. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. May 1, 2007; 175(9): 926-934.

Conhecimento prévio ao estudo: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma patologia pulmonar inflamatória, progressiva, relacionada ao fumo, na qual o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) está sobre expressado e tem sido sugerido que ele desempenha um importante papel na patogênese da doença. O infliximab, um anticorpo anti-TNF-alfa, poderia ter um benefício clínico, com aceitável segurança, em pacientes com DPOC de moderada a severa.

Estudo: Estudo prospectivo, longitudinal, multicêntrico, randomizado, duplo cego, placebo controlado, de grupos paralelos, com doses variáveis, conduzido em 234 indivíduos com DPOC de moderada a severa. Foram usadas doses de 3mg/Kg e 5mg/Kg de infliximab ou placebo por 24 semanas, com determinação dos resultados em 44 semanas.

Conhecimento adquirido com o estudo: Indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica não se beneficiam com o tratamento com infliximab (tanto em parâmetros subjetivos quanto em testes objetivos). Embora não tenham significância estatística, mais casos de câncer e pneumonia foram observados nos indivíduos tratados com infliximab. O impacto dessa droga sobre o risco de malignidade em pacientes com DPOC necessita ser mais bem elucidado.

Força de evidência: (A)* - Metodologia de alta qualidade para ensaio clínico randomizado, duplo cego, controlado contra placebo. Tratamento estatístico adequado e controle de seguimento aceitável. Entre 20 a 27% dos indivíduos tratados com infliximab descontinuaram o estudo devido a eventos adversos comparado com 9% com o placebo. Excelente aplicabilidade clínica, mesmo considerando o resultado negativo do estudo.

Os autores principais são membros da University of Nebraska Medical Center, Omaha, Nebraska, do Spartanburg Pharmaceutical Research, Spartanburg, South Carolina e do Vanderbilt University Medical Center, Nashville, Tennessee. Autor responsável: Stephen I. Rennard, M.D. - srennard@unmc.edu.