Primum non nocere

Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:
"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Acidente vascular encefálico em adultos jovens que abusam de anfetaminas ou cocaína. Um estudo populacional de pacientes hospitalizados

Westover AN, McBride S and Haley RW. Stroke in Young Adults Who Abuse Amphetamines or Cocaine. A Population-Based Study of Hospitalized Patients. Arch Gen Psychiatry. April, 2007;64(4):495-502.

Conhecimento prévio ao estudo: O abuso de drogas estimulantes está aumentando no oeste dos Estados Unidos. Embora números relatos de casos e estudos em animais sugerem uma ligação dessas drogas com acidente vascular encefálico, estudos epidemiológicos têm mostrado resultados conflitantes.

Estudo: O objetivo do estudo foi testar a hipótese de que adultos jovens que abusam de anfetaminas ou cocaína estão em alto risco para acidente vascular encefálico (AVE). Trata-se de um estudo prospectivo transversal baseado em um banco de dados de 3.148.165 altas hospitalares de hospitais Texanos, no qual estimou-se a tendência, de 1 Janeiro de 2000 a 31 de Dezembro de 2003, no abuso de várias drogas e de AVE. Foram aplicados modelos de regressão logística separados para os fatores de risco para AVE hemorrágicos (n= 937) e isquêmicos (n= 998) de indivíduos com idades entre 18 e 44 anos em 2003 e para o risco de mortalidade em pacientes com AVE.

Os resultados mostraram que de 2000 para 2003, a taxa de aumento de abuso foi maior para as anfetaminas, seguida pela cannabis e cocaína. A taxa de AVE também aumentou, particularmente entre os usuários de anfetaminas. Em 812.247 altas hospitalares em 203, o abuso da anfetamina foi associado com AVE hemorrágico (Razão de chances ajustada [RC], 4,95), mas não com AVE isquêmico; abuso de cocaína foi associado com AVE hemorrágico (RC, 2,33) e isquêmico (RC, 2,03). O abuso de anfetamina, mas não de cocaína, foi associado com um maior risco de morte após o AVE hemorrágico (RC, 2,63).

Conhecimento adquirido com o estudo: O aumento no abuso de drogas estimulantes pode aumentar as taxas de admissões hospitalares para acidentes vasculares encefálicos em adultos jovens, assim como a mortalidade relacionada à AVE.

Força de evidência: (A)* - Estudo clínico prospectivo, transversal, observacional, baseado em uma população de pacientes que saíram de hospitais em uma região do oeste Americano. Metodologia e tratamento estatístico extenso, mas de boa qualidade. Os índices de razão de chances para anfetaminas e cocaína são bastante significativos, quando comparados com índices habituais de risco para essa patologia. Excelente aplicabilidade clínica.

Os autores são membros do Department of Psychiatry, Division of Epidemiology and Preventive Medicine, do Department of Internal Medicine and Department of Clinical Sciences, The University of Texas Southwestern Medical Center at Dallas e do Dallas–Fort Worth Hospital Council, Irving, Tex.

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