Primum non nocere

Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:
"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.

sábado, 7 de abril de 2007

Uso da aspirina por longo tempo e mortalidade em mulheres

Chan AT, Manson JE, Fuchs CS et al. Long-term Aspirin Use and Mortality in Women. Arch Intern Medicine. March 26, 2007;167(6):562-572.

Conhecimento prévio ao estudo: Apesar de bem consolidado o benefício da aspirina em baixa dose em homens, a influência do uso da aspirina por longo tempo sobre a mortalidade em mulheres permanece incerto.

Estudo: Estudo prospectivo, longitudinal, de caso controle, inserido no Nurses’ Health Study, do qual participaram 79.439 mulheres que não tinham história de doença cardiovascular ou câncer. Os dados clínicos e sobre medicações foram fornecidos a cada 2 anos desde 1980. Verificou-se o risco relativo (RR) de morte de acordo com o uso de aspirina antes do diagnóstico de doença cardiovascular ou câncer incidentes e durante o período correspondente para cada indivíduo controle.

Durante 24 anos, foram documentadas 9.477 mortes de todas as causas. Em mulheres que relataram o uso corrente de aspirina, o RR multivariado de morte de todas as causas foi 0,75 comparado com mulheres que nunca usaram aspirina regularmente. A redução de risco foi mais aparente para morte de doença cardiovascular (RR, 0,62) do que morte por câncer (RR, 0,88). O uso de aspirina por 1 a 5 anos foi associado com reduções significativas na mortalidade cardiovascular (RR, 0,75). Ao contrário, uma redução significativa no risco de morte por câncer não foi observado até depois de 10 anos do uso de aspirina (P= 0,005). O benefício associado com a aspirina foi confinado a baixas e moderadas doses e foi significativamente maior em participantes de mais idade (P= 0,02).

Conhecimento adquirido com o estudo: Em mulheres, doses baixas a moderadas de aspirina são associadas com significativamente menor risco de mortaçlidade de todas as causas, particularmente em mulheres com mais idade e naquelas com fatores de risco cardíacos. Um benefício significativo é evidente dentro de 5 anos para doença cardiovascular, enquanto que um modesto benefício para câncer não é aparente até depois de 10 anos do uso de aspirina.

Força de evidência: (A)* - Estudo clínico prospectivo, longitudinal, observacional, populacional, de caso controle, com uma amostra de alta significância, tanto nos casos quanto nos controles. Metodologia adequada e excelente tratamento estatístico. O controle por parte dos pesquisadores determinou uma baixa perda de seguimento, permitindo alta significância nos resultados. Excelente aplicabilidade clínica.

Os autores são membros da Gastrointestinal Unit, Massachusetts General Hospital and Harvard Medical School, da Division of Preventive Medicine e Channing Laboratory, Department of Medicine, Brigham and Women's Hospital and Harvard Medical School, do Department of Epidemiology, Harvard School of Public Health e do Department of Medical Oncology, Dana-Farber Cancer Institute, Boston, Mass.

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