Primum non nocere

Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:
"Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente" - ou seja, primum non nocere - primeiro de tudo, não provoque nenhum dano.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Lipoproteína de alta densidade e o risco de tromboembolismo venoso recorrente

Eichinger S, Pecheniuk NM, Griffin JH et al. High-Density Lipoprotein and the Risk of Recurrent Venous Thromboembolism. Circulation. March 27, 2007;115(12):1609-1614.

Conhecimento prévio ao estudo: A lipoproteína de alta densidade (HDL) protege contra aterotrombose arterial, mas não é sabido se ela protege contra tromboembolismo recorrente venoso.

Objetivo do estudo: Avaliar o relacionamento entre os parâmetros das lipoproteínas plasmáticas e a recorrência de tromboembolismo venoso.

Metodologia: Estudo clínico prospectivo, longitudinal, de uma coorte de 772 pacientes que sofreram um primeiro episódio de tromboembolismo venoso espontâneo. Eles foram seguidos por um tempo médio de 48 meses até a ocorrência do desfecho principal, um tromboembolismo venoso sintomático recorrente, evento que ocorreu em 100 dos 772 pacientes (13%). Apolipoproteínas A1 e B foram dosadas por imunoensaio em todos os indivíduos.

Resumo dos resultados: Comparados com aqueles sem recorrência, os pacientes com recorrência tiveram menores níveis médios (±DP) apolipoproteína A1 (1,12±0,22 versus 1,23±0,27 mg/mL, P<0,001) mas similares níveis de apolipoproteína B. O risco relativo da recorrência foi de 0,87 (95% IC, 0,80 a 0,94) para cada aumento de 0,1 mg/mL na apolipoproteína A1. Comparados com pacientes com níveis de apolipoproteína A1 no mais baixo tertil (<1,07> de recorrência foi de 0,46 (95% IC, 0,27 a 0,77) para os pacientes no mais alto tertil (apolipoproteína A1 >1,30 mg/mL) e 0,78 (95% IC, 0,50 a 1,22) para pacientes no tertil médio (apolipoproteína A1 de 1,07 a 1,30 mg/mL). Usando ressonância nuclear magnética, foram determinados os níveis das 10 maiores subclasses das lipoproteínas e o HDL colesterol de 71 pacientes com recorrência e em 142 pacientes pareados (controles) sem recorrência. Evidenciou-se uma forte tendência para a associação entre recorrência e baixos níveis de partículas de lipoproteínas de alta densidade (HDLs) e HDL colesterol.

Conhecimento adquirido com o estudo: Pacientes com altos níveis de apolipoproteína A1 e HDL colesterol têm um risco reduzido de recorrência de tromboembolismo venoso.

Força de evidência: (A)* - Estudo clínico prospectivo, longitudinal, de coortes, de boa qualidade técnica. Longo tempo de seguimento com mínima perda de follow-up. Análise dos dados e tratamento estatísticos adequados e de boa qualidade. Excelente aplicabilidade clínica.

Os autores principais são membros do Department of Internal Medicine I, Medical University of Vienna, Vienna, Austria e do Department of Molecular and Experimental Medicine, The Scripps Research Institute, La Jolla, Calif. USA. Autor responsável: John H. Griffin, PhD – jgriffin@scripps.edu.

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